segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A partir de hoje, farmácias só vendem antibióticos com receita

As novas regras para venda de antibióticos entram em vigor nesta segunda-feira. A partir de hoje, farmácias e drogarias só poderão vender esses medicamentos com receita de “controle especial” em duas vias. A primeira via ficará retida no estabelecimento e a segunda deverá ser devolvida ao paciente com carimbo para comprovar o atendimento. As receitas também terão um novo prazo de validade: dez dias.

Os médicos devem estar atentos para a necessidade de entrega – de forma legível e sem rasuras – de duas vias do receituário aos pacientes. As medidas valem para mais de 90 substâncias antimicrobianas, que abrangem todos os antibióticos com registro no país, com exceção dos que tem uso exclusivo no ambiente hospitalar. O objetivo da Anvisa, ao ampliar o controle sobre esses produtos, é contribuir para a redução da resistência bacteriana na comunidade brasileira.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que mais de 50% das prescrições de antibióticos no mundo são inadequadas. Só no Brasil, o comércio de antibióticos movimentou, no ano passado, cerca de R$ 1,6 bilhão, de acordo com relatório do Instituto de Serviços de Marketing Intercontinental (IMS Health).

Fonte: Brasília Confidencial

sábado, 6 de novembro de 2010

Maratona de Toronto - Fotos

Eu até agora não tive tempo de ilustrar os diários da última viagem com fotos. Agora estou começando a organizar as fotos para fazer isto.

Como uma prévia, aí vão algumas das fotos tiradas pela organização da Maratona de Toronto, na qual corri o último km junto com Marinês, aproveitando que a fiscalização da prova não era muito rígida, talvez por não ter tanta gente como nas maratonas maiores (Nova York, Berlim, Londres, etc.).

A pose tradicional

Voando na pista

Chegando juntos
 

  
Na linha de chegada - Parando o cronômetro

A família comemora reunida - Só faltou a Bina, que não conseguiu acompanhar.
Luísa filmou a chegada toda

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O OVO (GORADO) DA SERPENTE

O texto abaixo mostra que a campanha preconceituosa dos paulistas contra os nordestinos é bem anterior ao resultado das eleições.

O OVO (GORADO) DA SERPENTE, por Lira Neto

Texto publicado originalmente no Diário do Nordeste, em 16 de julho de 2010.

O nome dela é Fabiana. Em seu lacônico perfil na internet, ela não nos revela o sobrenome. Mas se diz "nascida e criada em São Paulo, filha e neta de paulistas". Informa-nos também, com idêntico orgulho: "Crescida na capital, com vínculos com o interior". Fabiana, que se assume uma "iniciante em temas como cultura e autodeterminação há cerca de dois anos", é moderadora do blog "São Paulo para os paulistas".

Os anônimos idealizadores do blog, dias atrás, despejaram na rede uma petição às autoridades e à sociedade paulista. Até o instante em que garatujo este texto, 471 indivíduos - supostamente todos membros de quatrocentonas estirpes de Piratininga - adicionaram o nome ao documento. Pena que boa parte dos signatários adote o exemplo de Fabiana e não nos consinta conhecer os sobrenomes, o que nos impede de conferir-lhes até onde vai a integridade dos galhos de sua venerável árvore genealógica.

"São Paulo é grandioso, nossos antepassados trabalharam para isso", gaba-se o manifesto. "Não se deve permitir que outros se apoderem do que é nosso", defendem os autores da briosa petição. "Todo local ao nosso redor está infestado de migrantes", escandalizam-se. "Nas ruas, ônibus, supermercados, parques, todos os postos tomados. Ao adentrar em um comércio, todos os funcionários são migrantes. Isto é um extermínio cultural inadmissível", protestam, quiçá tapando o nariz, provavelmente arrebitado.

Por falar em extermínio, a repulsa de Fabiana e seus camaradas nessa cruzada moral e cívica não é contra a migração em geral, mas contra uma espécie peculiar de migrante. Em relação aos estrangeiros, por exemplo, nada têm a objetar. "Estes ajudaram a construir São Paulo", acreditam. Mas "repugnamos o ´R´ gutural, vogais abertas, as expressões ´ôxe´, etc.", particularizam.

Consideram falácia a afirmação de que São Paulo foi construída pelo braço nordestino. Até os anos 50, imaginam, a presença de migrantes do Nordeste teria sido "irrisória" para o estado. "As fotos e filmagens do período atestam o perfil da população", afiançam, demonstrando um rigor histórico capaz de fazer o ectoplasma de Plínio Salgado dar pinotes de vergonha. "São Paulo não optou por esta mão-de-obra. Em sua ausência, seria substituída", alegam. "E com melhor qualidade", asseguram.

Os idealizadores do manifesto repudiam a pecha de racistas que, presumem, desabará sobre suas afiladas cabeças: "Não existem culturas superiores ou inferiores. Respeitamos todas as culturas", declaram. "Exigimos que respeitem a nossa, agredida pela migração", ressalvam. "A cultura migrante caracteriza-se por ser agressiva, violenta, simbolizada no fato de ter como seu herói a figura de um cangaceiro". Com base em uma lógica escalafobética, deduzem: "Daí a alta taxa de criminalidade cometida por migrantes em São Paulo".

Os verdadeiros preconceituosos, raciocinam os companheiros da altiva Fabiana, somos nós, os próprios migrantes. "Preconceito é invadir a terra alheia, prejulgando que pode jogar lixo nela, apoderar-se, impor cultura e costumes, ouvir seus ritmos, falar alto em ônibus", revoltam-se os polidos signatários. "Preconceito é o ato de, sendo intruso, negar o direito ao dono da casa de se manifestar", sofismam, evocando o sagrado princípio da livre expressão. "Esclarecemos que não se possui absolutamente nenhuma animosidade contra aqueles que estão em sua terra", explicam. Estará tudo bem, desde que os nordestinos "façam arruaças em suas terras de origem". E advertem: "São Paulo não é filial do Nordeste".

Os digníssimos que assinam o manifesto denunciam uma "vitimação" orquestrada por nordestinos. "Migrantes fazem-se de vítima" para disfarçar a "cobiça de tomar o que é do outro". O argumento remete ao horror antissemita, mas os 471 confrades de Fabiana refutam qualquer hipótese de serem confundidos com nazistas, fascistas, skinheads e afins.

"Não compactuamos com idéias ilegais, clandestinas, desumanas ou intolerantes", juram, para afirmar que não estão amparados em "conceitos prévios", mas em "fatos" concretos. Queixam-se, por exemplo, de que "a quase totalidade dos serviços públicos de São Paulo são para usufruto de outras culturas": postos de saúde, transporte, atendimentos de emergência, assistência social. Como se não bastasse, "migrantes tomam vagas de nossas crianças nas escolas e creches, aumentam a demanda por merenda". Sentindo-se ultrajados, proclamam: "É hora do povo paulista ser menos altruísta".

A pobreza histórica do Nordeste, avalia o manifesto, seria fruto do gosto atávico dos nordestinos pela folia. "Festas juninas interrompem o trabalho por um mês. Há os carnavais fora de época, intermináveis. Enquanto isso, o paulista esgota-se no trabalho".

Como solução final para a "migração predatória", propõem às autoridades medidas radicais. Uma delas, a suspensão de todo e qualquer benefício público a migrantes, incluindo hospitais, escolas, metrôs e creches. Querem multas para empresas que contratem temporários migrantes mas que não providenciem a sua devida "devolução". Concursos públicos seriam vedados a migrantes. O ofício de professor, idem. "O baixo desempenho do estado nos indicadores nacionais são devidos aos migrantes", justificam, aliás, patinando na gramática.

Por fim, solicitam a demolição do Monumento ao Migrante Nordestino e a proibição dos Centros de Tradições Nordestinas no estado. "Repudiamos qualquer tipo de evento à cultura migrante com verbas públicas", bradam. "Tenta-se vender a ideia de que São Paulo é terra sem dono, casa-da-mãe-joana", deploram. "Nossa praças não são locais de rodas de forró", reclamam. "São Paulo para os paulistas!", exigem os 471 gatos pingados, patética e burlesca minoria em uma terra arrebatadora e generosa. Trágico, não fosse tão cômico.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Não ao terceiro turno

Da Agência Brasília Confidencial:

    Parcela minoritária e barulhenta de derrotados nas urnas reagiu ao resultado da disputa pela Presidência da República como se fosse passível de desmerecimento, contestação e enfrentamento a decisão majoritária de tornar Dilma Rousseff a sucessora do presidente Lula. Essa parcela reagiu, enfim, como quem inaugura ou pretende inaugurar uma espécie de terceiro turno imprevisto pela legislação, indesejado pela população, insultuoso ao eleitorado e improdutivo para o país.

    A ideia de iniciar um terceiro turno se evidencia na edição de ontem dos principais diários impressos do país. Começa na informação de que, antes mesmo de começar, o Governo Dilma já vive sua primeira crise causada pela presença explícita ou pela sombra ameaçadora de Lula, que seria candidato à Presidência em 2014. O terceiro turno se insinua também entre o receio de que Lula interfira no governo, tutelando Dilma, e o medo de que não faça isso e deixe o caminho livre para a hegemonia da esquerda do PT. É deflagrado também, o terceiro turno, no pavor provocado pela maioria de praticamente três quintos no Congresso, que poderia dar a Dilma força suficiente para legislar conforme bem quisesse.

    O segmento da mídia que orienta os partidos de oposição participa da tentativa de inaugurar o terceiro turno com o mesmo método jornalístico adotado desde o primeiro semestre do ano passado: textos, comentários, notas e artigos que depreciam Dilma tentando reduzí-la a uma figura influenciável e manipulável. Desmereceram a candidata, agora desmerecem a presidente eleita e, desde já, seu futuro governo.

    A motivação da imprensa aliada aos partidos de oposição antecede a ideia de golpe. Os jornais acreditam representar o pedaço do Brasil que rejeitou Dilma.

    Dilma foi eleita pelo Brasil setentrional. A oposição é o Brasil meridional. É verdade que Dilma fez muito mais votos na parte Sul do que Serra obteve na parte Norte. Mas ela perdeu entre os ‘sulistas ou ‘confederados’, que formam o Brasil da mídia. O Brasil de Dilma é o Brasil sem mídia. E o terceiro turno é, a par de um desejo de facções partidárias oposicionistas, uma tentativa da imprensa mais poderosa do Brasil meridional de expulsar para o Brasil setentrional a candidata e futura presidente dos pobres, dos excluídos, dos desvalidos, dos discriminados, dos trabalhadores, da classe operária.

    Até aqui, Dilma mostrou que é muito maior do que se dizia dela no início da campanha. Mostrou que é capaz de traduzir perfeitamente a ideia da eficiência e da continuidade de um projeto bem sucedido e aprovado. Venceu a campanha eleitoral mais sórdida, repugnante e infame da história republicana. Venceu uma oposição torpe e uma imprensa indecente. E, no primeiro discurso de presidente eleita, estendeu a mão aos adversários propondo trabalho e união pelo país.

    A deflagração do terceiro turno para o período 2011/2014 equivale ao anúncio de, no mínimo, mais de 1.400 dias de campanha e de confronto. Com certeza, não é o que quer e muito menos é de que precisa o povo do Brasil.