quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Da roça ao mestrado

Publico trecho do depoimento abaixo, repassado por minha filha Luísa, relatando experiências que com certeza servem de exemplo a nossa juventude e, porque não dizer, a todos nós.

Da roça ao mestrado em agroecologia em Cuba

Artigo de Poliane Oliveira Dutra

Oportunidades surgem na vida da gente graças a muita luta do povo pobre organizado.” (Poliane)

Todas as fases da vida são muito importantes desde que nascemos até quando, pela morte, passamos para a vida plena. Acredito que a juventude é a fase mais linda e mais forte da vida. Faço esta afirmação sabendo que corro o risco de estar cometendo um erro, mas insisto em fazer, porque estou vivenciando esta fase da minha vida. Sou uma jovem e acredito que nesta fase é quando sonhamos mais, buscamos mais, temos mais esperança e coragem, sentimos uma vontade imensa de mudar o mundo e sabemos que, se nos dão essa oportunidade, somos capazes de mudá-lo. É verdade o que dizia Che Guevara “O alicerce fundamental da nossa luta é a juventude.” Se queremos fazer revolução em qualquer parte do mundo é necessário envolver a juventude.
Mas diante de uma conjuntura tão complexa que vivemos e pelo fato do nosso país ser capitalista, com tanta desigualdade, tanta injustiça e tantos problemas sociais, a pergunta que surge é: como anda a juventude brasileira? Muitos jovens no nosso Brasil diariamente enfrentam com realidades tão duras, tão difíceis que as expectativas de uma vida melhor, os sonhos, nem conseguem fecundar, criar e recriar em suas mentes e em seus corações. Se tudo é tão difícil, o jovem pode se perder. Somos milhões. O que fazer? Qual o projeto que existe para a juventude? Atualmente encontramos milhares de jovens alienados pelos meios de comunicação, pelas músicas sem fundamento e cultura, milhares se destruindo nas drogas e na prostituição, a grande maioria não consegue estudar. Fazer uma faculdade é impossível para a maioria. As limitações da vida para a juventude são tantas que os jovens acabam perdendo o direito de sonhar e o fato da maioria dos jovens não estarem envolvidos em grupos sociais organizados e comprometidos com a mudança da sociedade, não contribuem com o potencial revolucionário que existe dentro de cada jovem para a mudança do nosso país. A grande maioria limita-se na vida a lutar pela sobrevivência, que é uma luta árdua e pesada, e outros resumem suas vidas a mesquinharias.
Faço essa introdução porque acredito na juventude como instrumento de mudança da sociedade. Sei que não é fácil ser jovem e mulher em uma sociedade tão individualista e com um sistema tão perverso como o capitalismo. Acredito que a juventude precisa ser valorizada, convocada para o mutirão de construção de uma sociedade diferente, o Brasil que queremos. Se hoje sou uma jovem que sonho e tenho perspectivas para o meu futuro é graças à organização e a luta dos movimentos sociais do campo nos quais me engajei e faço minha militância.

Outro dia tive a alegria de ler um texto, um testemunho da jovem Gisele Antunes, que era menina de rua e hoje faz medicina em Cuba. Fiquei muito comovida com sua história. Ao ler, senti força, alegria e esperança. É vital acreditar na vida. Que bom conhecer uma jovem que, ao encontrar uma oportunidade de crescer como cidadã, agarrou a chance e está lutando. Animada por Gisele, resolvi contar um pouco da minha história, na esperança de socializar um pouco das proezas que os movimentos sociais populares vêm conquistando. Ao contar, revelarei também meu reconhecimento e eterna gratidão a todos que me apoiam na luta. Quem sabe servirá de luz e esperança para outras pessoas, outros jovens.
Para ler o depoimento na íntegra, clique no título ou aqui.

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